Azura

A mãe de Azura pertencia a uma linhagem de bruxas. Por medo dos caçadores de bruxas, o coven não permitia a entrada de homens. Para dar sequência a linhagem elas adotavam meninas órfãs ou ficavam grávidas de homens que depois nunca mais viam, mas não se casavam e viviam mudando de cidade.

Seu pai era um contador de história. A mãe de Azura o conheceu enquanto fazia compras no mercado e o viu chamando a atenção das pessoas para escutarem suas histórias. Curiosa, ela ficou para assistir. Quando ele acabou, a mãe de Azura se aproximou para lhe jogar algumas moedas, ele agradeceu com um sorriso. Ela voltou às suas compras enquanto ele recolhia suas coisas quando dois meninos passaram correndo pegando o chapéu com o dinheiro das suas mãos. O pai de Azura correu atrás deles, mas a mãe de Azura que estava no meio do caminho dos meninos, os fez cair com um movimento dos dedos que ninguém viu. Ela se abaixou, pegou o chapéu e deu ao pai de Azura que chegava esbaforido. Em seguida, os guardas do mercado chegaram e levaram os meninos com eles. O pai de Azura sem saber como agradecer (pois ele vira o que ela fez), a chamou para um café.

Um encontro levou ao segundo e ao terceiro até virar uma rotina eles se encontrarem todos os dias no final da tarde. A mãe de Azura queria confiar nele e lhe contou a verdade sobre quem ela era e também que eles tinham que manter a relação em segredo. Ele não ficou surpreso e falou para ela que já imaginava, pois tinha visto o que ela fizera no mercado e prometeu nunca contar a ninguém.

Eles continuaram com a relação em segredo, mas quando ela ficou grávida, não havia mais modo de esconder, sem coragem de contar ao coven, achou que era melhor eles fugirem juntos.

O pai de Azura aceitou e eles fugiram.

Os dois vivam viajando e sempre que paravam, a mãe de Azura se apressava em fazer feitiços para que ninguém descobrisse onde eles estavam, mas enquanto ela tentava tomar todas as precauções para que o coven não os achassem, seu companheiro usava o que ele sabia sobre a vida secreta do coven nas suas histórias, e ele as contava em feiras e mercados para quem quisesse ouvir, pois essas histórias lhe rendiam muitas moedas.

Não demorou muito para a mãe de Azura pressentir a chegada do coven. Ela estava grávida de seis meses.

Elas chegaram escancarando a porta da casa onde eles estavam enquanto os dois faziam as malas às pressas.

O coven era formado por sete mulheres contando com a mãe de Azura, então agora ela se via cercada por seis mulheres. A sacerdotisa pediu calmamente para eles se sentarem, que elas só queriam conversar. A mãe de Azura não acreditou muito naquilo, mas era melhor conversar do que tentar passar por elas à força.

Primeiro elas falaram que os dois poderiam ir viver com elas sem problemas, depois disseram que a única condição era que ele não saísse contando para todos os segredos delas e então chegaram onde queriam. Perguntaram a mãe de Azura se ela sabia que as histórias que ele andava contando nas feiras, eram histórias sobre elas e que fora assim que elas os encontraram.

No começo, ela achou que era mentira. Mas ele não negou e então ela percebeu que diziam a verdade.

Sentindo-se traída, a mãe de Azura foi embora com seu coven com a única condição delas o deixarem viver.

Mas a mãe de Azura nunca teve realmente a intenção de permanecer com seu coven. Não acreditava mais nelas, assim como não acreditava no pai de Azura, queria ir embora do nosso mundo e não ter mais a que ver com nada relacionado a magia.

Enquanto fingia que tudo tinha voltado ao normal, a mãe de Azura pesquisava em segredo uma forma para ir ao Quarto Mundo, que era de conhecimento comum das bruxas.

Assim que ela descobriu um modo para atravessar, fez suas malas e foi embora sem falar com ninguém. Quando isso aconteceu, ela estava grávida de oito meses.

A mãe de Azura tinha pesquisado tudo sobre aquele lugar e escolheu as Ilhas de Skogsra para ter a filha e viver.

Azura nasceu sob uma lua cheia de sangue e viveu toda a sua vida ali com sua mãe e o povo da ilha.

Quando Azura fez treze anos, sua mãe lhe disse que se ela quisesse continuar vivendo ali e ser livre naquele mundo, ela teria que virar uma maga. Azura aceitou e passou pelas provas de Uaica.

Foi sua mãe quem ensinou Azura a fazer as pedras que congelam as pessoas. Certo dia, ela estava preparando as pedras para vender. Era uma preparação delicada e difícil. A mãe de Azura se distraiu um segundo para olhar a filha que praticava seus poderes ao longe e então a fórmula caiu na sua mão. Como ainda não estava pronta, o braço congelou, mas o resto do corpo não. Pelo menos não imediatamente.

Floura a socorreu e fez de tudo para salvá-la, mas não conseguiu. Em um dia o gelo tomou conta do seu corpo e ela morreu.

Azura ainda ficou lá com Floura por quatro anos depois da morte da sua mãe. Mas então, decidiu que queria explorar o mundo e foi embora.

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